“UMA POLÊMICA EM RELAÇÃO AO EXAME”
Ángel Díaz Barriga
O autor afirma que o exame
se reflete diretamente sobre o nível de aprendizagem do aluno, não é ele que
move o ensino. Nem sempre o exame está relacionado com o resultado das notas ou
da certificação da aprendizagem.
Segundo Barriga, a
pedagogia do exame criou mais consequências do que resolveu problemas para a
educação. O exame é considerado um instrumento a partir do qual se reconhece o
aprendizado, em contrapartida o exame não indica realmente qual é o nível de
saber de um sujeito. Existem 3 evidências importantes que mostram a finalidade
do Exame na prática pedagógica, são eles:
1º: O exame foi um
instrumento criado pela burocracia chinesa para que fossem eleitos membros de
castas inferiores às altas castas.
2º: Antes da Idade Média
não existia um sistema de exames ligado a prática educativa.
3º: Porque a atribuição de
notas ao trabalho escolar é uma herança do século XIX à pedagogia.
A estrutura social é
importante, pois sem uma estrutura social adequada, a qualidade da educação vai
ser baixa. Uma das atribuições ao exame é determinar que um sujeito pode ou não
ser promovido de uma série para a outra.
Em uma segunda inversão
sobre o exame, Comenius afirma que a função do exame consiste em ser a ultima
parte do método que pode ajudar a aprender. O exame servia para qualificar o
desempenho estudantil.
A pedagogia do exame
consistia em uma pedagogia articulada em função da certificação. No século XX a
pedagogia deixou de referir-se ao termo exame, sendo substituído por teste e
posteriormente por avaliação. As duas concepções foram resultado de um processo
de transformação social que ocorreu na industrialização monopólica.
Os testes eram empregados
na seleção das forças armadas, no conjunto social e nas escolas. Os testes de
inteligência eram aplicadas para determinar que os sujeitos sociais
marginalizados possuíssem um coeficiente intelectual abaixo do normal. Eram
usados também para justificar a necessidade de eliminar aos que, por seu
escasso coeficiente, não deviam estar na escola.
O uso de testes educativos
no plano da ideologia possibilitou que a escola debatesse sobre as diferenças
individuais, ou os estudantes mereciam receber educação em virtude da sua
inteligência ou eram destinados a ser operários nas fábricas por ter um nível
de conhecimento mais baixo que o exigido.
Já o uso dos testes no
plano político permitia justificar o acesso à escola de acordo com as condições
individuais. O sistema educacional Mexicano desde muito cedo incorporam em seu
sistema de ensino os testes de aprendizagem sob a forma de provas objetivas.
Especialistas em avaliação
da aprendizagem em geral não tem uma formação sólida. Então a avaliação é vista
como atitude crítica e que vai além da aplicação do exame.
Barriga conclui que uma
vez recuperada a sala de aula como espaço de reflexão, debate e organização de
pensamentos, o problema do exame se tornará totalmente secundário. Pois a pedagogia
preocupou-se tanto com as questões de exames e notas, que acabou caindo em uma
armadilha que impede a percepção de estudos sobre os grandes problemas
existentes na educação.
BARRIGA,
Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In. ESTEBAN, Maria Tereza (Org.).
Avalição: uma prática em busca de
novos sentidos. 5. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 51-82.