segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Fichamento do Texto: Ser Professora: Avaliar e Ser Avaliada

SER PROFESSORA: AVALIAR E SER AVALIADA¹

Maria Tereza Esteban

“Avaliar, como tarefa docente, mobiliza corações e mentes, afeto e razão, desejos e possibilidades. É uma tarefa que dá identidade à professora, normatiza sua ação, define etapas e procedimentos escolares, media relações, determina continuidades e rupturas, orienta a prática pedagógica.” (ESTEBAN, p.14).

Segundo ESTEBAN a avaliação envolve muito mais que uma simples tarefa docente, é uma mistura de vários fatores que são necessários para que se possa avaliar algo, mostrando que cada indivíduo possui a sua maneira única de avaliar, através de vários procedimentos e regras.

“A avaliação classificatória configura-se com as ideias de mérito, julgamento, punição e recompensa, exigindo o distanciamento entre os sujeitos que se entrelaçam nas práticas cotidianas.” (ESTEBAN, p.15).

ESTEBAN afirma que a avaliação classificatória funciona através de ações do professor e espera que o aluno reaja da maneira que o professor espera, em contrapartida isso causa um distanciamento entre professor e aluno através de todo o processo educacional.

“Como tarefa a ser cumprida para prever e manipular, a avaliação quantitativa expressa, no âmbito escolar, a epistemologia positivista que conduz uma metodologia em que a manipulação dos dados tem prioridade sobre a compreensão do processo.” (ESTEBAN, p.16).

Segundo a autora a avaliação quantitativa busca fragmentar o conhecimento nas disciplinas, nos alunos e alunas para que o processo de observação se torne mais eficiente, estes tipos de observação podem ser quantificadas, medidas, comparadas e classificadas para receber um valor individual que indica uma posição do estudante na hierarquia da sala de aula. Os instrumentos e procedimentos usados para que isso seja possível são: provas, testes, exercícios, fichas e boletins.

“A avaliação remete a uma ação da professora sobre os alunos e alunas, muitas vezes vista como uma relação de poder.” (ESTEBAN, p.20).

ESTEBAN conta que a partir desse ponto da avaliação, os resultados que os alunos obtêm são atribuídos diretamente aos valores da professora. Então essa avaliação verifica o rendimento da professora, o resultado de sua turma indica diretamente o desempenho, podendo ser medido e classificado. Nesse contexto avaliar significa também ser avaliado.

“No cotidiano escolar, avaliando e sendo avaliada, a professora vai aprendendo duas lições contraditórias: é preciso classificar para ensinar; e classificar não ajuda a ensinar melhor, tampouco a aprender mais – classificar produz exclusão e para ensinar é indispensável incluir.” (ESTEBAN, p.23).

Segundo ESTEBAN nos relata, existe uma contradição quando ela utiliza a avaliação classificatória, ambos os lados possuem pontos positivos e negativos, mas que funcionam em conjunto, então a professora precisa usar os conhecimentos e experiências adquiridas ao longo do tempo, para que ela consiga avaliar e ensinar bem através desse método de avaliação.

“Entendo que a avaliação qualitativa configura-se como um modelo de transição por ter como centralidade a compreensão dos processos, dos sujeitos de aprendizagem, o que produz uma ruptura com a primazia do resultado característico do processo quantitativo.” (ESTEBAN, p.26).

A Autora afirma que a avaliação qualitativa se relaciona com o processo de conhecimento articulado, onde a ideia principal é compreender o mundo e não de dominar e de manipular ele. A avaliação qualitativa é considerada pelo autor como uma prática classificatória, onde as provas únicas com questões objetivas são substituídas por testes ou provas distribuídas ao longo de um período letivo, esse tipo de prática avaliativa tende a estimular a participação do aluno no processo de aprendizagem.

“Tenho pensado na avaliação como prática de investigação como possibilidade de distanciamento da avaliação classificatória.” (ESTEBAN, p.30).

ESTEBAN afirma que com a prática da investigação, a forma de avaliação se distância de uma avaliação classificatória, ela acredita que a partir do distanciamento da avaliação classificatória, os indivíduos possam dialogar mais, com as experiências cotidianas da escola.

“Para avaliar, é preciso produzir instrumentos e procedimentos que nos ajudem a dar voz e visibilidade ao que é silenciado e apagado. Com muito cuidado, porque a intenção não é melhor controlar e classificar, mas sim melhor compreender e interagir.” (ESTEBAN, p.32).

A Autora comenta que por muitas vezes a partir dos discursos e das práticas podem ser invisibilizados o que dá sentido as palavras como; atos, produções, processos, possibilidade e carência, mas não está ausente, apenas invisibilizados por este modelo de avaliação.

“A avaliação não pretende controlar e classificar o rendimento do aluno ou aluna, tampouco pode ser, direta ou indiretamente, usada para controlar e classificar o rendimento da professora.” (ESTEBAN, p.35).

No ponto de vista da Autora, a avaliação não pode funcionar como instrumento de controle e de classificação do aluno ou aluna, ele precisa ser um método que interage com ambos os alunos e professora, para que possa ser mais aproveitado o conhecimento passado para ambos. Também diz que o rendimento da professora não pode ser classificado por essa avaliação. A avaliação precisa promover uma reflexão que participe da experiência de ensinar com o de aprender, visando à ampliação permanente dos conhecimentos.

“A professora, ao avaliar, é avaliada, num processo coletivo, cooperativo, solidário, que busca a ampliação permanente da qualidade da escola, uma escola que tem como preocupação central o conhecimento como resultado das interações humanas e participante das buscas humanas por uma vida mais feliz para todos.” (ESTEBAN, p.36).


ESTEBAN conclui que todo ser avaliador é avaliado por aqueles que ele está avaliando, a partir desta avaliação, pensando no coletivo e cooperativismo entre os alunos e professora, criam-se vínculos que facilitam o processo de aprendizagem dos alunos e melhora muito a qualidade de ensino da escola, através das interações da professora com os alunos, as reflexões fazem com que a professora tenha uma melhor experiência sobre como ensinar e ao mesmo tempo aprender, sendo assim o conhecimento adquirido pelos alunos será muito mais proveitoso e permanente, ao mesmo tempo em que a professora cada vez mais terá essa experiência positiva sobre seu método avaliativo.

REFERÊNCIA
ESTEBAN, Maria Tereza. Escola, Currículo e Avaliação. 2. ed. – São Paulo: Cortez, 2005. – (Série cultura, memória e currículo; v. 5).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Mensagens de desrespeito não serão toleradas!