SER
PROFESSORA: AVALIAR E SER AVALIADA¹
Maria Tereza Esteban
“Avaliar,
como tarefa docente, mobiliza corações e mentes, afeto e razão, desejos e
possibilidades. É uma tarefa que dá identidade à professora, normatiza sua
ação, define etapas e procedimentos escolares, media relações, determina
continuidades e rupturas, orienta a prática pedagógica.” (ESTEBAN, p.14).
Segundo
ESTEBAN a avaliação envolve muito mais que uma simples tarefa docente, é uma
mistura de vários fatores que são necessários para que se possa avaliar algo,
mostrando que cada indivíduo possui a sua maneira única de avaliar, através de
vários procedimentos e regras.
“A
avaliação classificatória configura-se com as ideias de mérito, julgamento,
punição e recompensa, exigindo o distanciamento entre os sujeitos que se
entrelaçam nas práticas cotidianas.” (ESTEBAN, p.15).
ESTEBAN
afirma que a avaliação classificatória funciona através de ações do professor e
espera que o aluno reaja da maneira que o professor espera, em contrapartida
isso causa um distanciamento entre professor e aluno através de todo o processo
educacional.
“Como
tarefa a ser cumprida para prever e manipular, a avaliação quantitativa
expressa, no âmbito escolar, a epistemologia positivista que conduz uma
metodologia em que a manipulação dos dados tem prioridade sobre a compreensão
do processo.” (ESTEBAN, p.16).
Segundo
a autora a avaliação quantitativa busca fragmentar o conhecimento nas
disciplinas, nos alunos e alunas para que o processo de observação se torne
mais eficiente, estes tipos de observação podem ser quantificadas, medidas,
comparadas e classificadas para receber um valor individual que indica uma
posição do estudante na hierarquia da sala de aula. Os instrumentos e
procedimentos usados para que isso seja possível são: provas, testes,
exercícios, fichas e boletins.
“A
avaliação remete a uma ação da professora sobre os alunos e alunas, muitas
vezes vista como uma relação de poder.” (ESTEBAN, p.20).
ESTEBAN
conta que a partir desse ponto da avaliação, os resultados que os alunos obtêm
são atribuídos diretamente aos valores da professora. Então essa avaliação
verifica o rendimento da professora, o resultado de sua turma indica
diretamente o desempenho, podendo ser medido e classificado. Nesse contexto
avaliar significa também ser avaliado.
“No
cotidiano escolar, avaliando e sendo avaliada, a professora vai aprendendo duas
lições contraditórias: é preciso classificar para ensinar; e classificar não
ajuda a ensinar melhor, tampouco a aprender mais – classificar produz exclusão
e para ensinar é indispensável incluir.” (ESTEBAN, p.23).
Segundo
ESTEBAN nos relata, existe uma contradição quando ela utiliza a avaliação
classificatória, ambos os lados possuem pontos positivos e negativos, mas que
funcionam em conjunto, então a professora precisa usar os conhecimentos e
experiências adquiridas ao longo do tempo, para que ela consiga avaliar e
ensinar bem através desse método de avaliação.
“Entendo
que a avaliação qualitativa configura-se como um modelo de transição por ter
como centralidade a compreensão dos processos, dos sujeitos de aprendizagem, o
que produz uma ruptura com a primazia do resultado característico do processo
quantitativo.” (ESTEBAN, p.26).
A
Autora afirma que a avaliação qualitativa se relaciona com o processo de
conhecimento articulado, onde a ideia principal é compreender o mundo e não de
dominar e de manipular ele. A avaliação qualitativa é considerada pelo autor
como uma prática classificatória, onde as provas únicas com questões objetivas
são substituídas por testes ou provas distribuídas ao longo de um período
letivo, esse tipo de prática avaliativa tende a estimular a participação do
aluno no processo de aprendizagem.
“Tenho
pensado na avaliação como prática de investigação como possibilidade de
distanciamento da avaliação classificatória.” (ESTEBAN, p.30).
ESTEBAN
afirma que com a prática da investigação, a forma de avaliação se distância de
uma avaliação classificatória, ela acredita que a partir do distanciamento da
avaliação classificatória, os indivíduos possam dialogar mais, com as
experiências cotidianas da escola.
“Para
avaliar, é preciso produzir instrumentos e procedimentos que nos ajudem a dar
voz e visibilidade ao que é silenciado e apagado. Com muito cuidado, porque a
intenção não é melhor controlar e classificar, mas sim melhor compreender e
interagir.” (ESTEBAN, p.32).
A
Autora comenta que por muitas vezes a partir dos discursos e das práticas podem
ser invisibilizados o que dá sentido as palavras como; atos, produções,
processos, possibilidade e carência, mas não está ausente, apenas
invisibilizados por este modelo de avaliação.
“A
avaliação não pretende controlar e classificar o rendimento do aluno ou aluna,
tampouco pode ser, direta ou indiretamente, usada para controlar e classificar
o rendimento da professora.” (ESTEBAN, p.35).
No
ponto de vista da Autora, a avaliação não pode funcionar como instrumento de
controle e de classificação do aluno ou aluna, ele precisa ser um método que
interage com ambos os alunos e professora, para que possa ser mais aproveitado
o conhecimento passado para ambos. Também diz que o rendimento da professora
não pode ser classificado por essa avaliação. A avaliação precisa promover uma
reflexão que participe da experiência de ensinar com o de aprender, visando à
ampliação permanente dos conhecimentos.
“A
professora, ao avaliar, é avaliada, num processo coletivo, cooperativo,
solidário, que busca a ampliação permanente da qualidade da escola, uma escola
que tem como preocupação central o conhecimento como resultado das interações
humanas e participante das buscas humanas por uma vida mais feliz para todos.”
(ESTEBAN, p.36).
ESTEBAN
conclui que todo ser avaliador é avaliado por aqueles que ele está avaliando, a
partir desta avaliação, pensando no coletivo e cooperativismo entre os alunos e
professora, criam-se vínculos que facilitam o processo de aprendizagem dos
alunos e melhora muito a qualidade de ensino da escola, através das interações
da professora com os alunos, as reflexões fazem com que a professora tenha uma
melhor experiência sobre como ensinar e ao mesmo tempo aprender, sendo assim o
conhecimento adquirido pelos alunos será muito mais proveitoso e permanente, ao
mesmo tempo em que a professora cada vez mais terá essa experiência positiva
sobre seu método avaliativo.
REFERÊNCIA
ESTEBAN,
Maria Tereza. Escola, Currículo e Avaliação. 2. ed. – São Paulo: Cortez, 2005.
– (Série cultura, memória e currículo; v. 5).
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