“AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: APONTAMENTOS SOBRE A PEDAGOGIA DO
EXAME”.
Cipriano Carlos Luckesi
O autor relata que o
processo de avaliação da aprendizagem começou a ter um espaço amplamente maior
nos processos de ensino direcionada a “pedagogia do exame”. Sendo assim o
exercício pedagógico escolar é centrado mais para a pedagogia do exame do que a
pedagogia do ensino/aprendizagem.
A prova é bastante
utilizada pelos professores como instrumentos de ameaça para forçar os alunos a
aprender determinada disciplina, utilizando do medo da reprovação para levar o
aluno a estudar, muitas vezes por essa pressão toda, o aluno decora as
respostas para obter a nota, sem se preocupar com a aprendizagem do conteúdo.
Muitas vezes as provas
aplicadas aos alunos não são para auxiliar o processo de aprendizagem e sim
para “provar” os alunos, os professores muitas vezes aplicam uma complexidade
muito maior nas provas do que aquilo trabalhado em sala de aula, então essas
provas muitas vezes são para “reprovar” o aluno.
Comênio
afirma que o medo é um excelente fator para manter a atenção do aluno na
disciplina, com isso eles aprenderão com muito mais facilidade, sem fadiga e
com economia de tempo.
O
fetiche e o medo estão ligados diretamente na pedagogia de ensino atual, mas a
pior delas é o medo, pois através desse método é pregado o “castigo” como
instrumento gerador do medo, atualmente não se usa mais os castigos físicos,
porém o que é utilizado é um tipo de castigo ainda pior, o castigo psicológico.
A
pedagogia do exame possui algumas consequências visíveis: as consequências
pedagógicas, psicológicas e sociológicas.
Pedagogicamente,
a avaliação da aprendizagem, na medida em que está voltada para os exames, não
cumprirá a sua função de subsidiar a decisão da melhoria de aprendizagem e sim
são centradas só as notas.
Psicologicamente,
a avaliação da aprendizagem utilizada de modo fetichizado é útil ao
desenvolvimento de autocensura, o autocontrole psicológico segundo o autor pode
ser a pior forma de controle, pois transforma o sujeito uma “presa” de si
mesmo.
Sociologicamente,
a avaliação de aprendizagem utilizada de modo fetichizado é útil para os
processos de seletividade social. Neste caso o autor conclui que esse tipo de
avaliação está muito mais articulada com o fator “reprovação” do que
“aprovação” e é ai que entra a sua contribuição para a seletividade social.
LUCKESI,
Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a
pedagogia do exame. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed.
São Paulo: Cortez, 2011, p.35-44.