“DE
EXAMINAR PARA AVALIAR, UM TRÂNSITO DIFÍCIL, MAS NECESSÁRIO”.
Cipriano Carlos Luckesi
LUCKESI explica que para
haver mudanças no processo de ensino-aprendizagem atual, é necessário que se
desenvolvam novos hábitos educacionais, para que haja uma transição dos hábitos
do exame para o hábito de avaliar, exigindo atenção constante dos educadores,
já que o hábito do exame está profundamente inserido na história da escola, e isso
dificulta um pouco esta transição do método de avaliação.
Estas dificuldades de
transição possuem três fatores essenciais, são eles: 1º - as contribuições da
história da educação, 2º - o modelo de sociedade em que vivemos é um modelo
burguês, excludente, caracterizado pelos exames escolares e 3º - a simples
repetição do que ocorre com cada um de nós, durante toda a vida escolar.
O Autor relata que a
história da educação aprisiona os educadores sobre a influência de práticas de
condutas praticadas nos séculos passados, fazendo com que esse ciclo passe a
cada século sobre a educação, e consequentemente a escola é uma dessas
instituições e o exame passa a ser o recurso utilizado pela escola para
examinar e não avaliar os educandos.
Para que haja uma mudança,
é necessário que se mude o modo de compreender as coisas, o modo de agir dos
educadores para que o passado seja superado e os educadores venham construir
novos pensamentos e ideias, para que assim os educandos sejam avaliados de
maneira mais eficaz.
Já no modelo social, uma
das principais características desse fator é a exclusão. Vindo de um modelo
social burguês capitalista, o modelo de exclusão se utiliza dos exames para tal.
A avaliação da aprendizagem é democrática, inclusiva e acolhe a todos, diferente
do modelo capitalista excludente da sociedade burguesa.
O terceiro fator é a
reflexão do que foi vivido no passado pelo educador, sendo refletido em suas
práticas atuais, dificultando assim a transição do método de examinar para o
método de avaliar, já que durante a formação os educadores, eles passam pela
“ameaça dos exames” em sua formação e acaba repetindo este mesmo método aos
educandos.
Para que a barreira do
exame seja quebrada, o educador precisa assumir uma consciência clara de que está
sendo rompido um modelo social excludente, pois a avaliação é inclusiva, para
isso acontecer, precisa haver uma conversão de valores, só assim ele conseguirá
mudar o seu modelo de avaliação.
LUCKESI conclui que, caso
o educador deseje transitar do ato de examinar para o de avaliar, ele precisa
fazer um exercício de memorização todos os dias antes de ter o encontro com os
educandos, repetindo um propósito muitas vezes, para que aos poucos esse modelo
de examinar saia do seu subconsciente e entre o modelo de avaliar, só assim o
educador conseguirá essa transição de valores e para isso tem muito trabalho a
se fazer, mas valerá a pena todo o esforço do educador.
LUCKESI, Cipriano Carlos. De examinar para avaliar, um
trânsito difícil, mas necessário. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar:
estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.67-72.