Será que isso ainda acontece nos dias atuais?
O Aprendizagem Ativa tem como objetivo compartilhar conhecimentos sobre as características da Avaliação da Aprendizagem, espero que o blog contribua para o enriquecimento dos seus conhecimentos e experiências sobre a avaliação da aprendizagem, Boa Leitura :)
domingo, 30 de novembro de 2014
Síntese do Texto: De Examinar para Avaliar, um Trânsito Difícil, mas Necessário
“DE
EXAMINAR PARA AVALIAR, UM TRÂNSITO DIFÍCIL, MAS NECESSÁRIO”.
Cipriano Carlos Luckesi
LUCKESI explica que para
haver mudanças no processo de ensino-aprendizagem atual, é necessário que se
desenvolvam novos hábitos educacionais, para que haja uma transição dos hábitos
do exame para o hábito de avaliar, exigindo atenção constante dos educadores,
já que o hábito do exame está profundamente inserido na história da escola, e isso
dificulta um pouco esta transição do método de avaliação.
Estas dificuldades de
transição possuem três fatores essenciais, são eles: 1º - as contribuições da
história da educação, 2º - o modelo de sociedade em que vivemos é um modelo
burguês, excludente, caracterizado pelos exames escolares e 3º - a simples
repetição do que ocorre com cada um de nós, durante toda a vida escolar.
O Autor relata que a
história da educação aprisiona os educadores sobre a influência de práticas de
condutas praticadas nos séculos passados, fazendo com que esse ciclo passe a
cada século sobre a educação, e consequentemente a escola é uma dessas
instituições e o exame passa a ser o recurso utilizado pela escola para
examinar e não avaliar os educandos.
Para que haja uma mudança,
é necessário que se mude o modo de compreender as coisas, o modo de agir dos
educadores para que o passado seja superado e os educadores venham construir
novos pensamentos e ideias, para que assim os educandos sejam avaliados de
maneira mais eficaz.
Já no modelo social, uma
das principais características desse fator é a exclusão. Vindo de um modelo
social burguês capitalista, o modelo de exclusão se utiliza dos exames para tal.
A avaliação da aprendizagem é democrática, inclusiva e acolhe a todos, diferente
do modelo capitalista excludente da sociedade burguesa.
O terceiro fator é a
reflexão do que foi vivido no passado pelo educador, sendo refletido em suas
práticas atuais, dificultando assim a transição do método de examinar para o
método de avaliar, já que durante a formação os educadores, eles passam pela
“ameaça dos exames” em sua formação e acaba repetindo este mesmo método aos
educandos.
Para que a barreira do
exame seja quebrada, o educador precisa assumir uma consciência clara de que está
sendo rompido um modelo social excludente, pois a avaliação é inclusiva, para
isso acontecer, precisa haver uma conversão de valores, só assim ele conseguirá
mudar o seu modelo de avaliação.
LUCKESI conclui que, caso
o educador deseje transitar do ato de examinar para o de avaliar, ele precisa
fazer um exercício de memorização todos os dias antes de ter o encontro com os
educandos, repetindo um propósito muitas vezes, para que aos poucos esse modelo
de examinar saia do seu subconsciente e entre o modelo de avaliar, só assim o
educador conseguirá essa transição de valores e para isso tem muito trabalho a
se fazer, mas valerá a pena todo o esforço do educador.
LUCKESI, Cipriano Carlos. De examinar para avaliar, um
trânsito difícil, mas necessário. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar:
estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.67-72.
Decálogo do Texto: Avaliação da Aprendizagem... Mais Uma Vez
AVALIAÇÃO
DA APRENDIZAGEM... MAIS UMA VEZ
“A
experiência anterior dessas crianças estava relacionada com uma ação pedagógica
que investia no processo de aprendizagem,
a atual experiência está comprometida com o investimento
no seu produto. Isso faz a diferença. Em pequeno espaço de tempo, as
crianças tiveram que mudar seu centro de atenção, seus valores, assim como sua
expressão.” (LUCKESI, p. 61).
Segundo
LUCKESI, a experiência relacionada com a pedagogia que investe no processo de
aprendizagem vai perdendo força para a metodologia do investimento no seu
produto, ou seja, a educação passa a moldar as crianças para o lado da nota,
sem se preocupar com o que realmente ela está aprendendo em sua carreira
escolar. E isso é preocupante, pois estes valores estão sendo moldados em um
curto espaço de tempo.
“Antes,
eu ouvia as crianças dizendo – “Hoje, tivermos uma atividade legal na escola”
–, agora, ouço-as dizendo: “Tirei 3.2, valendo 5”; “Tirei 2, valendo 3”; “Tirei
7”. “Graças a Deus, já passei nessa unidade; com isso é mais fácil chegar ao
final do ano com 28 pontos, necessários para a aprovação”; “Amanhã é dia de
prova. Todos, na escola, vão fazer prova e vai ser com fiscal”. Meus Deus, do
dia para a noite, os conceitos e os valores deram um salto para pior, acredito
eu!” (LUCKESI, p.62).
LUCKESI
fala que a partir do momento em que as crianças vão avançando as séries
seguintes, os contextos relacionados com o processo de ensino aprendizagem vão
mudando muito rapidamente, as crianças deixam de comentar sobre suas atividades
de aprendizagem na escola, passando a comentar somente sobre suas notas e o seu
rendimento escolar, pensando já na sua aprovação no final do ano.
“O
ato de examinar tem como função a classificação do educando, minimamente, em
“aprovação ou reprovação”; no máximo, em uma escala mais ampla de graus, tais
como as notas, que variam de 0 (zero) a 10 (dez) ou como é uma escala de
conceitos, que pode conter cinco ou mais graus.” (LUCKESI, p.62).
O
Autor afirma que, olhando por esse ponto, o ato de examinar está intimamente
ligado ao aluno ser “aprovado” ou “reprovado”, não importando se aprendeu o
conteúdo ou não, não importando se o aluno teve uma aprendizagem de qualidade
ou não, somente a classificação é o que importa no final do processo, processo
esse voltado ao produto e não à aprendizagem.
“Diversamente,
o ato de avaliar tem como função investigar a qualidade do desempenho dos
estudantes, tendo em vista proceder a uma intervenção para a melhoria dos
resultados, caso seja necessária.” (LUCKESI, p.62).
LUCKESI
nos conta que, diferente da pedagogia do exame, a pedagogia da avaliação
procura fixar a aprendizagem no aluno de maneira que ele aprenda o que está
sendo passado, caso ele não aprenda, será investigado onde está à dificuldade e
assim fazer com que o conteúdo não fixado seja fixado realmente, não tendo
notas como uma necessidade e sim o próprio aprendizado.
“O
que é mesmo investir no processo e não no produto? O processo compõe-se do conjunto de procedimentos que adotamos para
chegar ao resultado mais satisfatório; o que nos motiva, no caso, é a obtenção
do melhor resultado. Produto, por sua
vez, significa o resultado final ao qual chegamos e, na escola, infelizmente,
admitimos que ele é o suficiente do “jeito que ele se manifesta”.” (LUCKESI,
p.63).
Segundo
LUCKESI nos relata, o processo é muito diferente do produto, pois o processo se
preocupa realmente com o aprendizado do aluno, já o produto só se preocupa com
o resultado final, ou seja, a nota que o aluno terá, sendo aprovado ou não, o
que importa é a nota e não o que foi aprendido durante o processo de ensino.
“Então,
podemos perguntar: “Mas, nós não agimos para atingir um produto?” Claro que
sim, porém o mais satisfatório, decorrente do investimento adequado do
processo. Não é qualquer produto, seja lá qual for, é o melhor produto
buscado.” (LUCKESI, p.63).
No
ponto de vista do Autor, mesmo seguindo o processo, ao final se chegará a um
resultado, satisfatório ou não, porém a diferença é que não é se buscando o
produto que o aluno terá os melhores resultados, mas buscando o processo para
que o produto seja o melhor possível alcançado.
“A
pedagogia que sustenta o exame se contenta com a classificação, seja ela qual
for; a pedagogia que sustenta o ato de avaliar não se contenta com qualquer
resultado, mas somente com o resultado satisfatório.” (LUCKESI, p.64).
O
Autor reforça que a pedagogia do exame busca apenas os produtos e se contenta
com a classificação do indivíduo, já a pedagogia do ato de avaliar não se
contenta com um resultado qualquer, a meta é uma avaliação de aprendizagem
satisfatória mostrando que o indivíduo realmente aprendeu e não só buscou um
resultado final, pois o ato de avaliar dedica-se principalmente em desvendar o
que acontece e prover medidas curativas para solucionar o problema.
“Qual
será a pedagogia que está por detrás da atividade escolar que se centra na
preparação dos estudantes quase que exclusivamente para o vestibular, que é um
exame?” (LUCKESI, p. 64).
LUCKESI
fala que é uma pedagogia que não investe no aluno como um ser histórico,
formador de ideias e consequentemente o aprendizado, mas apenas deve apresentar
produtos, sem se importar com o que o aluno aprende ou deixa de aprender
durante o processo de ensino aprendizagem.
“Isso
é investir no processo, o que, por sua vez, produzira o melhor produto para
todos.” (LUCKESI, p.65).
Segundo
LUCKESI nos relata, investir no processo é um passo importantíssimo para que se
renda o melhor produto, nunca visando apenas o cumprimento de uma tarefa para
somente tirar uma nota, mas vai além, ao investir no processo o educando está
criando para si mesmo valores que o ajudarão na vida para que eles possam dar o
melhor de si naquilo que fazem.
“No
que se refere à avaliação de aprendizagem, acredito que já estamos passando da
hora de transformar conceitos em práticas.” (LUCKESI, p.65).
LUCKESI conclui que, mesmo os educadores tendo os
conceitos desse tipo de avaliação que visa o processo de aprendizagem em mente,
ainda é muito raro esse tipo de avaliação acontecer nas escolas, afirmando que
já está na hora de transformar esses conceitos em prática nas escolas, para que
assim os educandos venham a ter um processo de ensino aprendizagem adequado e
satisfatório.
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da
aprendizagem... mais uma vez. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar:
estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 67-72.
Síntese do Texto: Avaliação da Aprendizagem Escolar: Apontamentos Sobre a Pedagogia do Exame
“AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: APONTAMENTOS SOBRE A PEDAGOGIA DO
EXAME”.
Cipriano Carlos Luckesi
O autor relata que o
processo de avaliação da aprendizagem começou a ter um espaço amplamente maior
nos processos de ensino direcionada a “pedagogia do exame”. Sendo assim o
exercício pedagógico escolar é centrado mais para a pedagogia do exame do que a
pedagogia do ensino/aprendizagem.
A prova é bastante
utilizada pelos professores como instrumentos de ameaça para forçar os alunos a
aprender determinada disciplina, utilizando do medo da reprovação para levar o
aluno a estudar, muitas vezes por essa pressão toda, o aluno decora as
respostas para obter a nota, sem se preocupar com a aprendizagem do conteúdo.
Muitas vezes as provas
aplicadas aos alunos não são para auxiliar o processo de aprendizagem e sim
para “provar” os alunos, os professores muitas vezes aplicam uma complexidade
muito maior nas provas do que aquilo trabalhado em sala de aula, então essas
provas muitas vezes são para “reprovar” o aluno.
Comênio
afirma que o medo é um excelente fator para manter a atenção do aluno na
disciplina, com isso eles aprenderão com muito mais facilidade, sem fadiga e
com economia de tempo.
O
fetiche e o medo estão ligados diretamente na pedagogia de ensino atual, mas a
pior delas é o medo, pois através desse método é pregado o “castigo” como
instrumento gerador do medo, atualmente não se usa mais os castigos físicos,
porém o que é utilizado é um tipo de castigo ainda pior, o castigo psicológico.
A
pedagogia do exame possui algumas consequências visíveis: as consequências
pedagógicas, psicológicas e sociológicas.
Pedagogicamente,
a avaliação da aprendizagem, na medida em que está voltada para os exames, não
cumprirá a sua função de subsidiar a decisão da melhoria de aprendizagem e sim
são centradas só as notas.
Psicologicamente,
a avaliação da aprendizagem utilizada de modo fetichizado é útil ao
desenvolvimento de autocensura, o autocontrole psicológico segundo o autor pode
ser a pior forma de controle, pois transforma o sujeito uma “presa” de si
mesmo.
Sociologicamente,
a avaliação de aprendizagem utilizada de modo fetichizado é útil para os
processos de seletividade social. Neste caso o autor conclui que esse tipo de
avaliação está muito mais articulada com o fator “reprovação” do que
“aprovação” e é ai que entra a sua contribuição para a seletividade social.
LUCKESI,
Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a
pedagogia do exame. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed.
São Paulo: Cortez, 2011, p.35-44.
O Professor e a Avaliação: Características!
Quadro comparativo das características do Professor e da Avaliação...
A serviço do Exame
|
A serviço da Aprendizagem
|
* O professor só se
preocupa com os resultados do Exame e não com o aprendizado do aluno.
* No exame é utilizado o
método da verificação.
* Utilização de ameaça para
forçar o aluno a estudar só para obtenção da nota sem se preocupar com a
aprendizagem.
* É uma avaliação do tipo
classificatória.
* Distanciamento entre o
professor e o aluno durante todo o processo de ensino aprendizagem.
* Utilização do medo como
relação de poder sobre os alunos, para forçar o aprendizado.
* Avaliação somente por
provas e testes.
* Professor é o centro da
sala.
|
* O professor aplica o conteúdo e avalia o resultado da avaliação, a
partir dos resultados obtidos, ele pode ou não reaplicar conteúdos se
preocupando com o aprendizado.
* Aproximação entre o professor e o aluno durante todo o processo, já
que a aprendizagem é mais importante que somente obter uma nota apenas por
obter.
* Mais diálogo em sala de aula entre os professores e alunos sobre o
cotidiano escolar.
* O professor ao avaliar, é ao mesmo tempo avaliado de forma
coletiva, cooperativa e solidária.
* A avaliação a serviço da aprendizagem se preocupa com a
aprendizagem como ponto principal, lógico que os resultados serão as notas,
porém há uma preocupação com o aprendizado e não somente obter a nota final.
* Instrumento de avaliação pode incluir provas e testes, mas há
várias outras maneiras de avaliação.
|
Texto Reflexivo Apresentado no 3º Encontro: A Flor da Honestidade
"Conta-se que por volta do
ano 250 a. C., na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às
vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se
casar.
Sabendo disso, ele resolveu fazer uma
"disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna
de ser sua esposa. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa
celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos
anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza,
pois sabia que sua filha nutria um sentimento de profundo amor pelo
príncipe.
Ao chegar em casa, contou à garota e desesperou-se
ao ver que ela pretendia ir à celebração, indagando preocupada:
"Minha filha, o que você fará lá? Estarão
presentes todas as mais belas e ricas senhoritas da corte. Tire esta ideia
insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne esse
sofrimento uma loucura."
E a filha respondeu:
"Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito
menos louca. Eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha
oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, e isto já
me torna feliz."
Na hora marcada, a jovem chegou ao palácio. Lá
estavam, de fato, todas as mais belas meninas, com as mais belas roupas, as
mais belas jóias e com as mais determinadas intenções.
Então, o príncipe anunciou o desafio:
"Darei, a cada uma de vocês, uma semente.
Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais linda flor, será
escolhida minha esposa e futura imperatriz da China."
A proposta do príncipe não fugiu às profundas
tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de
"cultivar" algo.
O tempo fluiu e a doce criaturinha, posto
não tivesse muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com bastante
paciência e ternura da sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse
na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.
Todavia passaram-se três meses e nada surgiu.
A mocinha tudo tentara, empregara todos os métodos
que conhecia, porém nada havia nascido. E findaram os seis meses.
Consciente do seu esforço e dedicação, ela
comunicou à
mãe que, independente das circunstâncias,
retornaria ao palácio, no prazo combinado, pois não pretendia nada além de mais
alguns momentos na companhia do príncipe.
E lá se apresentou, com seu vaso vazio, bem
como as demais pretendentes - cada uma com uma flor mais bonita que a
outra, das mais variadas cores e formas. A jovem ficou admirada, jamais
presenciara cena tão sublime.
Finalmente, chegou o momento esperado: o príncipe
passou a observar a flor trazida por cada uma das pretendentes, com muito
cuidado e atenção. Após minuciosa análise, ele anunciou um resultado
surpreendente, indicando a cativante e humilde jovem como sua futura esposa.
O público presente, perplexo, quis saber o motivo:
afinal, o desafio previa que se casaria com a moça que lhe trouxesse a flor
mais irresistível e ele escolhera, justamente, a que não cultivara flor
alguma...
Então, calmamente, o príncipe esclareceu:
"Esta jovem foi a única que cultivou a flor
que a tornou digna de se tornar uma imperatriz: A Flor da Honestidade.
Senhoras, senhores e senhoritas: todas as sementes que entreguei eram estéreis."
"A Honestidade é como uma flor, tecida em fios de luz,
que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor."
Folclore Chinês
Síntese do Texto: Uma polêmica em relação ao exame
“UMA POLÊMICA EM RELAÇÃO AO EXAME”
Ángel Díaz Barriga
O autor afirma que o exame
se reflete diretamente sobre o nível de aprendizagem do aluno, não é ele que
move o ensino. Nem sempre o exame está relacionado com o resultado das notas ou
da certificação da aprendizagem.
Segundo Barriga, a
pedagogia do exame criou mais consequências do que resolveu problemas para a
educação. O exame é considerado um instrumento a partir do qual se reconhece o
aprendizado, em contrapartida o exame não indica realmente qual é o nível de
saber de um sujeito. Existem 3 evidências importantes que mostram a finalidade
do Exame na prática pedagógica, são eles:
1º: O exame foi um
instrumento criado pela burocracia chinesa para que fossem eleitos membros de
castas inferiores às altas castas.
2º: Antes da Idade Média
não existia um sistema de exames ligado a prática educativa.
3º: Porque a atribuição de
notas ao trabalho escolar é uma herança do século XIX à pedagogia.
A estrutura social é
importante, pois sem uma estrutura social adequada, a qualidade da educação vai
ser baixa. Uma das atribuições ao exame é determinar que um sujeito pode ou não
ser promovido de uma série para a outra.
Em uma segunda inversão
sobre o exame, Comenius afirma que a função do exame consiste em ser a ultima
parte do método que pode ajudar a aprender. O exame servia para qualificar o
desempenho estudantil.
A pedagogia do exame
consistia em uma pedagogia articulada em função da certificação. No século XX a
pedagogia deixou de referir-se ao termo exame, sendo substituído por teste e
posteriormente por avaliação. As duas concepções foram resultado de um processo
de transformação social que ocorreu na industrialização monopólica.
Os testes eram empregados
na seleção das forças armadas, no conjunto social e nas escolas. Os testes de
inteligência eram aplicadas para determinar que os sujeitos sociais
marginalizados possuíssem um coeficiente intelectual abaixo do normal. Eram
usados também para justificar a necessidade de eliminar aos que, por seu
escasso coeficiente, não deviam estar na escola.
O uso de testes educativos
no plano da ideologia possibilitou que a escola debatesse sobre as diferenças
individuais, ou os estudantes mereciam receber educação em virtude da sua
inteligência ou eram destinados a ser operários nas fábricas por ter um nível
de conhecimento mais baixo que o exigido.
Já o uso dos testes no
plano político permitia justificar o acesso à escola de acordo com as condições
individuais. O sistema educacional Mexicano desde muito cedo incorporam em seu
sistema de ensino os testes de aprendizagem sob a forma de provas objetivas.
Especialistas em avaliação
da aprendizagem em geral não tem uma formação sólida. Então a avaliação é vista
como atitude crítica e que vai além da aplicação do exame.
Barriga conclui que uma
vez recuperada a sala de aula como espaço de reflexão, debate e organização de
pensamentos, o problema do exame se tornará totalmente secundário. Pois a pedagogia
preocupou-se tanto com as questões de exames e notas, que acabou caindo em uma
armadilha que impede a percepção de estudos sobre os grandes problemas
existentes na educação.
BARRIGA,
Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In. ESTEBAN, Maria Tereza (Org.).
Avalição: uma prática em busca de
novos sentidos. 5. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 51-82.
Texto Reflexivo: A Rainha e o Espelho
Era uma vez...
Uma rainha que vivia em um castelo.
Ela tinha uma varinha mágica que fazia as pessoas bonitas ou feias, alegres ou
triste, vitoriosas ou fracassadas. Como todas as rainhas, ela também tinha um
espelho mágico. Um dia, querendo avaliar sua beleza, também ele perguntou ao
espelho:
- Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?
O espelho olhou bem para ela e respondeu:
- Minha rainha, os tempos estão mudados. Esta não é uma resposta assim tão
simples. Hoje em dia para responder a sua pergunta eu preciso de alguns
elementos mais claros.
Atônita, a rainha não sabia o que dizer. Só lhe ocorreu perguntar:
- Como assim?
- Veja bem, respondeu o espelho - Em primeiro lugar, preciso saber por que
Vossa Majestade fez essa pergunta, ou seja, o que pretende fazer com minha
resposta. Pretende apenas levantar dados sobre o seu ibope no castelo? Pretende
examinar seu nível de beleza, comparando-o com o de outras pessoas ou sua
avaliação visa ao desenvolvimento de sua própria beleza, sem nenhum critério
externo? É uma avaliação considerando a norma ou critérios predeterminadas? De
toda forma, é preciso, ainda, que Vossa Majestade me diga se pretende fazer
uma classificação dos resultados.
E continuo o espelho:
- Além disso, eu preciso que Vossa Majestade me defina com que bases devo fazer
a avaliação. Devo considerar o peso, a altura, a cor dos olhos, o conjunto?
Quem devo consultar para fazer essa análise? Por exemplo: se utilizar
parâmetros nacionais, poderei ter outra resposta. Entre a turma da copa ou
mesmo entre os anões, a branca de Neve ganha estourado. Mas, se perguntar aos
seus conselheiros, acho que minha rainha terá o primeiro lugar. Depois, ainda
tem o seguinte - continuou o espelho: - Como vou fazer essa avaliação? Devo
utilizar análises continuadas? Posso utilizar alguma prova para verificar o
grau dessa beleza? Utilizo a observação?
Finalmente, concluiu o espelho: - Será que estou sendo justo? tanto são os
pontos a considerar..."
segunda-feira, 24 de novembro de 2014
Fichamento do Texto: Ser Professora: Avaliar e Ser Avaliada
SER
PROFESSORA: AVALIAR E SER AVALIADA¹
Maria Tereza Esteban
“Avaliar,
como tarefa docente, mobiliza corações e mentes, afeto e razão, desejos e
possibilidades. É uma tarefa que dá identidade à professora, normatiza sua
ação, define etapas e procedimentos escolares, media relações, determina
continuidades e rupturas, orienta a prática pedagógica.” (ESTEBAN, p.14).
Segundo
ESTEBAN a avaliação envolve muito mais que uma simples tarefa docente, é uma
mistura de vários fatores que são necessários para que se possa avaliar algo,
mostrando que cada indivíduo possui a sua maneira única de avaliar, através de
vários procedimentos e regras.
“A
avaliação classificatória configura-se com as ideias de mérito, julgamento,
punição e recompensa, exigindo o distanciamento entre os sujeitos que se
entrelaçam nas práticas cotidianas.” (ESTEBAN, p.15).
ESTEBAN
afirma que a avaliação classificatória funciona através de ações do professor e
espera que o aluno reaja da maneira que o professor espera, em contrapartida
isso causa um distanciamento entre professor e aluno através de todo o processo
educacional.
“Como
tarefa a ser cumprida para prever e manipular, a avaliação quantitativa
expressa, no âmbito escolar, a epistemologia positivista que conduz uma
metodologia em que a manipulação dos dados tem prioridade sobre a compreensão
do processo.” (ESTEBAN, p.16).
Segundo
a autora a avaliação quantitativa busca fragmentar o conhecimento nas
disciplinas, nos alunos e alunas para que o processo de observação se torne
mais eficiente, estes tipos de observação podem ser quantificadas, medidas,
comparadas e classificadas para receber um valor individual que indica uma
posição do estudante na hierarquia da sala de aula. Os instrumentos e
procedimentos usados para que isso seja possível são: provas, testes,
exercícios, fichas e boletins.
“A
avaliação remete a uma ação da professora sobre os alunos e alunas, muitas
vezes vista como uma relação de poder.” (ESTEBAN, p.20).
ESTEBAN
conta que a partir desse ponto da avaliação, os resultados que os alunos obtêm
são atribuídos diretamente aos valores da professora. Então essa avaliação
verifica o rendimento da professora, o resultado de sua turma indica
diretamente o desempenho, podendo ser medido e classificado. Nesse contexto
avaliar significa também ser avaliado.
“No
cotidiano escolar, avaliando e sendo avaliada, a professora vai aprendendo duas
lições contraditórias: é preciso classificar para ensinar; e classificar não
ajuda a ensinar melhor, tampouco a aprender mais – classificar produz exclusão
e para ensinar é indispensável incluir.” (ESTEBAN, p.23).
Segundo
ESTEBAN nos relata, existe uma contradição quando ela utiliza a avaliação
classificatória, ambos os lados possuem pontos positivos e negativos, mas que
funcionam em conjunto, então a professora precisa usar os conhecimentos e
experiências adquiridas ao longo do tempo, para que ela consiga avaliar e
ensinar bem através desse método de avaliação.
“Entendo
que a avaliação qualitativa configura-se como um modelo de transição por ter
como centralidade a compreensão dos processos, dos sujeitos de aprendizagem, o
que produz uma ruptura com a primazia do resultado característico do processo
quantitativo.” (ESTEBAN, p.26).
A
Autora afirma que a avaliação qualitativa se relaciona com o processo de
conhecimento articulado, onde a ideia principal é compreender o mundo e não de
dominar e de manipular ele. A avaliação qualitativa é considerada pelo autor
como uma prática classificatória, onde as provas únicas com questões objetivas
são substituídas por testes ou provas distribuídas ao longo de um período
letivo, esse tipo de prática avaliativa tende a estimular a participação do
aluno no processo de aprendizagem.
“Tenho
pensado na avaliação como prática de investigação como possibilidade de
distanciamento da avaliação classificatória.” (ESTEBAN, p.30).
ESTEBAN
afirma que com a prática da investigação, a forma de avaliação se distância de
uma avaliação classificatória, ela acredita que a partir do distanciamento da
avaliação classificatória, os indivíduos possam dialogar mais, com as
experiências cotidianas da escola.
“Para
avaliar, é preciso produzir instrumentos e procedimentos que nos ajudem a dar
voz e visibilidade ao que é silenciado e apagado. Com muito cuidado, porque a
intenção não é melhor controlar e classificar, mas sim melhor compreender e
interagir.” (ESTEBAN, p.32).
A
Autora comenta que por muitas vezes a partir dos discursos e das práticas podem
ser invisibilizados o que dá sentido as palavras como; atos, produções,
processos, possibilidade e carência, mas não está ausente, apenas
invisibilizados por este modelo de avaliação.
“A
avaliação não pretende controlar e classificar o rendimento do aluno ou aluna,
tampouco pode ser, direta ou indiretamente, usada para controlar e classificar
o rendimento da professora.” (ESTEBAN, p.35).
No
ponto de vista da Autora, a avaliação não pode funcionar como instrumento de
controle e de classificação do aluno ou aluna, ele precisa ser um método que
interage com ambos os alunos e professora, para que possa ser mais aproveitado
o conhecimento passado para ambos. Também diz que o rendimento da professora
não pode ser classificado por essa avaliação. A avaliação precisa promover uma
reflexão que participe da experiência de ensinar com o de aprender, visando à
ampliação permanente dos conhecimentos.
“A
professora, ao avaliar, é avaliada, num processo coletivo, cooperativo,
solidário, que busca a ampliação permanente da qualidade da escola, uma escola
que tem como preocupação central o conhecimento como resultado das interações
humanas e participante das buscas humanas por uma vida mais feliz para todos.”
(ESTEBAN, p.36).
ESTEBAN
conclui que todo ser avaliador é avaliado por aqueles que ele está avaliando, a
partir desta avaliação, pensando no coletivo e cooperativismo entre os alunos e
professora, criam-se vínculos que facilitam o processo de aprendizagem dos
alunos e melhora muito a qualidade de ensino da escola, através das interações
da professora com os alunos, as reflexões fazem com que a professora tenha uma
melhor experiência sobre como ensinar e ao mesmo tempo aprender, sendo assim o
conhecimento adquirido pelos alunos será muito mais proveitoso e permanente, ao
mesmo tempo em que a professora cada vez mais terá essa experiência positiva
sobre seu método avaliativo.
REFERÊNCIA
ESTEBAN,
Maria Tereza. Escola, Currículo e Avaliação. 2. ed. – São Paulo: Cortez, 2005.
– (Série cultura, memória e currículo; v. 5).
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