domingo, 30 de novembro de 2014

Realidade ou Mito?

Será que isso ainda acontece nos dias atuais?

Síntese do Texto: De Examinar para Avaliar, um Trânsito Difícil, mas Necessário

“DE EXAMINAR PARA AVALIAR, UM TRÂNSITO DIFÍCIL, MAS NECESSÁRIO”.

Cipriano Carlos Luckesi

LUCKESI explica que para haver mudanças no processo de ensino-aprendizagem atual, é necessário que se desenvolvam novos hábitos educacionais, para que haja uma transição dos hábitos do exame para o hábito de avaliar, exigindo atenção constante dos educadores, já que o hábito do exame está profundamente inserido na história da escola, e isso dificulta um pouco esta transição do método de avaliação.
Estas dificuldades de transição possuem três fatores essenciais, são eles: 1º - as contribuições da história da educação, 2º - o modelo de sociedade em que vivemos é um modelo burguês, excludente, caracterizado pelos exames escolares e 3º - a simples repetição do que ocorre com cada um de nós, durante toda a vida escolar.
O Autor relata que a história da educação aprisiona os educadores sobre a influência de práticas de condutas praticadas nos séculos passados, fazendo com que esse ciclo passe a cada século sobre a educação, e consequentemente a escola é uma dessas instituições e o exame passa a ser o recurso utilizado pela escola para examinar e não avaliar os educandos.
Para que haja uma mudança, é necessário que se mude o modo de compreender as coisas, o modo de agir dos educadores para que o passado seja superado e os educadores venham construir novos pensamentos e ideias, para que assim os educandos sejam avaliados de maneira mais eficaz.
Já no modelo social, uma das principais características desse fator é a exclusão. Vindo de um modelo social burguês capitalista, o modelo de exclusão se utiliza dos exames para tal. A avaliação da aprendizagem é democrática, inclusiva e acolhe a todos, diferente do modelo capitalista excludente da sociedade burguesa.
O terceiro fator é a reflexão do que foi vivido no passado pelo educador, sendo refletido em suas práticas atuais, dificultando assim a transição do método de examinar para o método de avaliar, já que durante a formação os educadores, eles passam pela “ameaça dos exames” em sua formação e acaba repetindo este mesmo método aos educandos.
Para que a barreira do exame seja quebrada, o educador precisa assumir uma consciência clara de que está sendo rompido um modelo social excludente, pois a avaliação é inclusiva, para isso acontecer, precisa haver uma conversão de valores, só assim ele conseguirá mudar o seu modelo de avaliação.
LUCKESI conclui que, caso o educador deseje transitar do ato de examinar para o de avaliar, ele precisa fazer um exercício de memorização todos os dias antes de ter o encontro com os educandos, repetindo um propósito muitas vezes, para que aos poucos esse modelo de examinar saia do seu subconsciente e entre o modelo de avaliar, só assim o educador conseguirá essa transição de valores e para isso tem muito trabalho a se fazer, mas valerá a pena todo o esforço do educador.


LUCKESI, Cipriano Carlos. De examinar para avaliar, um trânsito difícil, mas necessário. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.67-72.

Decálogo do Texto: Avaliação da Aprendizagem... Mais Uma Vez

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM... MAIS UMA VEZ

“A experiência anterior dessas crianças estava relacionada com uma ação pedagógica que investia no processo de aprendizagem, a atual experiência está comprometida com o investimento no seu produto. Isso faz a diferença. Em pequeno espaço de tempo, as crianças tiveram que mudar seu centro de atenção, seus valores, assim como sua expressão.” (LUCKESI, p. 61).

Segundo LUCKESI, a experiência relacionada com a pedagogia que investe no processo de aprendizagem vai perdendo força para a metodologia do investimento no seu produto, ou seja, a educação passa a moldar as crianças para o lado da nota, sem se preocupar com o que realmente ela está aprendendo em sua carreira escolar. E isso é preocupante, pois estes valores estão sendo moldados em um curto espaço de tempo.

“Antes, eu ouvia as crianças dizendo – “Hoje, tivermos uma atividade legal na escola” –, agora, ouço-as dizendo: “Tirei 3.2, valendo 5”; “Tirei 2, valendo 3”; “Tirei 7”. “Graças a Deus, já passei nessa unidade; com isso é mais fácil chegar ao final do ano com 28 pontos, necessários para a aprovação”; “Amanhã é dia de prova. Todos, na escola, vão fazer prova e vai ser com fiscal”. Meus Deus, do dia para a noite, os conceitos e os valores deram um salto para pior, acredito eu!” (LUCKESI, p.62).

LUCKESI fala que a partir do momento em que as crianças vão avançando as séries seguintes, os contextos relacionados com o processo de ensino aprendizagem vão mudando muito rapidamente, as crianças deixam de comentar sobre suas atividades de aprendizagem na escola, passando a comentar somente sobre suas notas e o seu rendimento escolar, pensando já na sua aprovação no final do ano.

“O ato de examinar tem como função a classificação do educando, minimamente, em “aprovação ou reprovação”; no máximo, em uma escala mais ampla de graus, tais como as notas, que variam de 0 (zero) a 10 (dez) ou como é uma escala de conceitos, que pode conter cinco ou mais graus.” (LUCKESI, p.62).

O Autor afirma que, olhando por esse ponto, o ato de examinar está intimamente ligado ao aluno ser “aprovado” ou “reprovado”, não importando se aprendeu o conteúdo ou não, não importando se o aluno teve uma aprendizagem de qualidade ou não, somente a classificação é o que importa no final do processo, processo esse voltado ao produto e não à aprendizagem.

“Diversamente, o ato de avaliar tem como função investigar a qualidade do desempenho dos estudantes, tendo em vista proceder a uma intervenção para a melhoria dos resultados, caso seja necessária.” (LUCKESI, p.62).

LUCKESI nos conta que, diferente da pedagogia do exame, a pedagogia da avaliação procura fixar a aprendizagem no aluno de maneira que ele aprenda o que está sendo passado, caso ele não aprenda, será investigado onde está à dificuldade e assim fazer com que o conteúdo não fixado seja fixado realmente, não tendo notas como uma necessidade e sim o próprio aprendizado.

“O que é mesmo investir no processo e não no produto? O processo compõe-se do conjunto de procedimentos que adotamos para chegar ao resultado mais satisfatório; o que nos motiva, no caso, é a obtenção do melhor resultado. Produto, por sua vez, significa o resultado final ao qual chegamos e, na escola, infelizmente, admitimos que ele é o suficiente do “jeito que ele se manifesta”.” (LUCKESI, p.63).

Segundo LUCKESI nos relata, o processo é muito diferente do produto, pois o processo se preocupa realmente com o aprendizado do aluno, já o produto só se preocupa com o resultado final, ou seja, a nota que o aluno terá, sendo aprovado ou não, o que importa é a nota e não o que foi aprendido durante o processo de ensino.

“Então, podemos perguntar: “Mas, nós não agimos para atingir um produto?” Claro que sim, porém o mais satisfatório, decorrente do investimento adequado do processo. Não é qualquer produto, seja lá qual for, é o melhor produto buscado.” (LUCKESI, p.63).

No ponto de vista do Autor, mesmo seguindo o processo, ao final se chegará a um resultado, satisfatório ou não, porém a diferença é que não é se buscando o produto que o aluno terá os melhores resultados, mas buscando o processo para que o produto seja o melhor possível alcançado.

“A pedagogia que sustenta o exame se contenta com a classificação, seja ela qual for; a pedagogia que sustenta o ato de avaliar não se contenta com qualquer resultado, mas somente com o resultado satisfatório.” (LUCKESI, p.64).

O Autor reforça que a pedagogia do exame busca apenas os produtos e se contenta com a classificação do indivíduo, já a pedagogia do ato de avaliar não se contenta com um resultado qualquer, a meta é uma avaliação de aprendizagem satisfatória mostrando que o indivíduo realmente aprendeu e não só buscou um resultado final, pois o ato de avaliar dedica-se principalmente em desvendar o que acontece e prover medidas curativas para solucionar o problema.

“Qual será a pedagogia que está por detrás da atividade escolar que se centra na preparação dos estudantes quase que exclusivamente para o vestibular, que é um exame?” (LUCKESI, p. 64).

LUCKESI fala que é uma pedagogia que não investe no aluno como um ser histórico, formador de ideias e consequentemente o aprendizado, mas apenas deve apresentar produtos, sem se importar com o que o aluno aprende ou deixa de aprender durante o processo de ensino aprendizagem.

“Isso é investir no processo, o que, por sua vez, produzira o melhor produto para todos.” (LUCKESI, p.65).

Segundo LUCKESI nos relata, investir no processo é um passo importantíssimo para que se renda o melhor produto, nunca visando apenas o cumprimento de uma tarefa para somente tirar uma nota, mas vai além, ao investir no processo o educando está criando para si mesmo valores que o ajudarão na vida para que eles possam dar o melhor de si naquilo que fazem.

“No que se refere à avaliação de aprendizagem, acredito que já estamos passando da hora de transformar conceitos em práticas.” (LUCKESI, p.65).

LUCKESI conclui que, mesmo os educadores tendo os conceitos desse tipo de avaliação que visa o processo de aprendizagem em mente, ainda é muito raro esse tipo de avaliação acontecer nas escolas, afirmando que já está na hora de transformar esses conceitos em prática nas escolas, para que assim os educandos venham a ter um processo de ensino aprendizagem adequado e satisfatório. 

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem... mais uma vez. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p. 67-72.

Mapa Conceitual do Texto: Verificação ou Avaliação: O que prática a Escola?


Síntese do Texto: Avaliação da Aprendizagem Escolar: Apontamentos Sobre a Pedagogia do Exame

“AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: APONTAMENTOS SOBRE A PEDAGOGIA DO EXAME”.

Cipriano Carlos Luckesi

O autor relata que o processo de avaliação da aprendizagem começou a ter um espaço amplamente maior nos processos de ensino direcionada a “pedagogia do exame”. Sendo assim o exercício pedagógico escolar é centrado mais para a pedagogia do exame do que a pedagogia do ensino/aprendizagem.
A prova é bastante utilizada pelos professores como instrumentos de ameaça para forçar os alunos a aprender determinada disciplina, utilizando do medo da reprovação para levar o aluno a estudar, muitas vezes por essa pressão toda, o aluno decora as respostas para obter a nota, sem se preocupar com a aprendizagem do conteúdo.
Muitas vezes as provas aplicadas aos alunos não são para auxiliar o processo de aprendizagem e sim para “provar” os alunos, os professores muitas vezes aplicam uma complexidade muito maior nas provas do que aquilo trabalhado em sala de aula, então essas provas muitas vezes são para “reprovar” o aluno.
            Comênio afirma que o medo é um excelente fator para manter a atenção do aluno na disciplina, com isso eles aprenderão com muito mais facilidade, sem fadiga e com economia de tempo.
            O fetiche e o medo estão ligados diretamente na pedagogia de ensino atual, mas a pior delas é o medo, pois através desse método é pregado o “castigo” como instrumento gerador do medo, atualmente não se usa mais os castigos físicos, porém o que é utilizado é um tipo de castigo ainda pior, o castigo psicológico.
            A pedagogia do exame possui algumas consequências visíveis: as consequências pedagógicas, psicológicas e sociológicas.
            Pedagogicamente, a avaliação da aprendizagem, na medida em que está voltada para os exames, não cumprirá a sua função de subsidiar a decisão da melhoria de aprendizagem e sim são centradas só as notas.
            Psicologicamente, a avaliação da aprendizagem utilizada de modo fetichizado é útil ao desenvolvimento de autocensura, o autocontrole psicológico segundo o autor pode ser a pior forma de controle, pois transforma o sujeito uma “presa” de si mesmo.
            Sociologicamente, a avaliação de aprendizagem utilizada de modo fetichizado é útil para os processos de seletividade social. Neste caso o autor conclui que esse tipo de avaliação está muito mais articulada com o fator “reprovação” do que “aprovação” e é ai que entra a sua contribuição para a seletividade social.


LUCKESI, Cipriano Carlos. A avaliação da aprendizagem escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame. In: LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, p.35-44.

O Professor e a Avaliação: Características!

Quadro comparativo das características do Professor e da Avaliação...

A serviço do Exame
A serviço da Aprendizagem

* O professor só se preocupa com os resultados do Exame e não com o aprendizado do aluno.

* No exame é utilizado o método da verificação.

* Utilização de ameaça para forçar o aluno a estudar só para obtenção da nota sem se preocupar com a aprendizagem.

* É uma avaliação do tipo classificatória.

* Distanciamento entre o professor e o aluno durante todo o processo de ensino aprendizagem.

* Utilização do medo como relação de poder sobre os alunos, para forçar o aprendizado.

* Avaliação somente por provas e testes.

* Professor é o centro da sala.

* O professor aplica o conteúdo e avalia o resultado da avaliação, a partir dos resultados obtidos, ele pode ou não reaplicar conteúdos se preocupando com o aprendizado.

* Aproximação entre o professor e o aluno durante todo o processo, já que a aprendizagem é mais importante que somente obter uma nota apenas por obter.

* Mais diálogo em sala de aula entre os professores e alunos sobre o cotidiano escolar.

* O professor ao avaliar, é ao mesmo tempo avaliado de forma coletiva, cooperativa e solidária.

* A avaliação a serviço da aprendizagem se preocupa com a aprendizagem como ponto principal, lógico que os resultados serão as notas, porém há uma preocupação com o aprendizado e não somente obter a nota final.

* Instrumento de avaliação pode incluir provas e testes, mas há várias outras maneiras de avaliação.


Texto Reflexivo Apresentado no 3º Encontro: A Flor da Honestidade

"Conta-se que por volta do ano 250 a. C., na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar.
Sabendo disso, ele resolveu fazer uma "disputa" entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de ser sua esposa. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
 
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe.
 
Ao chegar em casa, contou à garota e desesperou-se ao ver que ela pretendia ir à celebração, indagando preocupada:
"Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas senhoritas da corte. Tire esta ideia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne esse sofrimento uma loucura."
 
E a filha respondeu:
"Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca. Eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, e isto já me torna feliz."
 
Na hora marcada, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas meninas, com as mais belas roupas, as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções.
 
Então, o príncipe anunciou o desafio:
"Darei, a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais linda flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China."
 
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de "cultivar" algo.
 
O tempo fluiu e a doce criaturinha, posto não tivesse muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com bastante paciência e ternura da sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado. Todavia passaram-se três meses e nada surgiu.
 
A mocinha tudo tentara, empregara todos os métodos que conhecia, porém nada havia nascido. E findaram os seis meses.
 
Consciente do seu esforço e dedicação, ela comunicou à 
mãe que, independente das circunstâncias, retornaria ao palácio, no prazo combinado, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
 
E lá se apresentou, com seu vaso vazio, bem como as demais pretendentes - cada uma com uma flor mais bonita que a outra, das mais variadas cores e formas. A jovem ficou admirada, jamais presenciara cena tão sublime.
 
Finalmente, chegou o momento esperado: o príncipe passou a observar a flor trazida por cada uma das pretendentes, com muito cuidado e atenção. Após minuciosa análise, ele anunciou um resultado surpreendente, indicando a cativante e humilde jovem como sua futura esposa.
 
O público presente, perplexo, quis saber o motivo: afinal, o desafio previa que se casaria com a moça que lhe trouxesse a flor mais irresistível  e ele escolhera, justamente, a que não cultivara flor alguma...
 
Então, calmamente, o príncipe esclareceu: 
"Esta jovem foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz: A Flor da Honestidade. Senhoras, senhores e senhoritas: todas as sementes que entreguei eram estéreis."

"A Honestidade é como uma flor, tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor."

Folclore Chinês

Síntese do Texto: Uma polêmica em relação ao exame

“UMA POLÊMICA EM RELAÇÃO AO EXAME”

Ángel Díaz Barriga

O autor afirma que o exame se reflete diretamente sobre o nível de aprendizagem do aluno, não é ele que move o ensino. Nem sempre o exame está relacionado com o resultado das notas ou da certificação da aprendizagem.
Segundo Barriga, a pedagogia do exame criou mais consequências do que resolveu problemas para a educação. O exame é considerado um instrumento a partir do qual se reconhece o aprendizado, em contrapartida o exame não indica realmente qual é o nível de saber de um sujeito. Existem 3 evidências importantes que mostram a finalidade do Exame na prática pedagógica, são eles:
1º: O exame foi um instrumento criado pela burocracia chinesa para que fossem eleitos membros de castas inferiores às altas castas.
2º: Antes da Idade Média não existia um sistema de exames ligado a prática educativa.
3º: Porque a atribuição de notas ao trabalho escolar é uma herança do século XIX à pedagogia.
A estrutura social é importante, pois sem uma estrutura social adequada, a qualidade da educação vai ser baixa. Uma das atribuições ao exame é determinar que um sujeito pode ou não ser promovido de uma série para a outra.
Em uma segunda inversão sobre o exame, Comenius afirma que a função do exame consiste em ser a ultima parte do método que pode ajudar a aprender. O exame servia para qualificar o desempenho estudantil.
A pedagogia do exame consistia em uma pedagogia articulada em função da certificação. No século XX a pedagogia deixou de referir-se ao termo exame, sendo substituído por teste e posteriormente por avaliação. As duas concepções foram resultado de um processo de transformação social que ocorreu na industrialização monopólica.
Os testes eram empregados na seleção das forças armadas, no conjunto social e nas escolas. Os testes de inteligência eram aplicadas para determinar que os sujeitos sociais marginalizados possuíssem um coeficiente intelectual abaixo do normal. Eram usados também para justificar a necessidade de eliminar aos que, por seu escasso coeficiente, não deviam estar na escola.
O uso de testes educativos no plano da ideologia possibilitou que a escola debatesse sobre as diferenças individuais, ou os estudantes mereciam receber educação em virtude da sua inteligência ou eram destinados a ser operários nas fábricas por ter um nível de conhecimento mais baixo que o exigido.
Já o uso dos testes no plano político permitia justificar o acesso à escola de acordo com as condições individuais. O sistema educacional Mexicano desde muito cedo incorporam em seu sistema de ensino os testes de aprendizagem sob a forma de provas objetivas.
Especialistas em avaliação da aprendizagem em geral não tem uma formação sólida. Então a avaliação é vista como atitude crítica e que vai além da aplicação do exame.
Barriga conclui que uma vez recuperada a sala de aula como espaço de reflexão, debate e organização de pensamentos, o problema do exame se tornará totalmente secundário. Pois a pedagogia preocupou-se tanto com as questões de exames e notas, que acabou caindo em uma armadilha que impede a percepção de estudos sobre os grandes problemas existentes na educação.


BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In. ESTEBAN, Maria Tereza (Org.). Avalição: uma prática em busca de novos sentidos. 5. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2003, p. 51-82.

Texto Reflexivo: A Rainha e o Espelho

Era uma vez...
Uma rainha que vivia em um castelo.
Ela tinha uma varinha mágica que fazia as pessoas bonitas ou feias, alegres ou triste, vitoriosas ou fracassadas. Como todas as rainhas, ela também tinha um espelho mágico. Um dia, querendo avaliar sua beleza, também ele perguntou ao espelho:
- Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?
O espelho olhou bem para ela e respondeu:
- Minha rainha, os tempos estão mudados. Esta não é uma resposta assim tão simples. Hoje em dia para responder a sua pergunta eu preciso de alguns elementos mais claros.
Atônita, a rainha não sabia o que dizer. Só lhe ocorreu perguntar:
- Como assim?
- Veja bem, respondeu o espelho - Em primeiro lugar, preciso saber por que Vossa Majestade fez essa pergunta, ou seja, o que pretende fazer com minha resposta. Pretende apenas levantar dados sobre o seu ibope no castelo? Pretende examinar seu nível de beleza, comparando-o com o de outras pessoas ou sua avaliação visa ao desenvolvimento de sua própria beleza, sem nenhum critério externo? É uma avaliação considerando a norma ou critérios predeterminadas? De toda forma, é preciso, ainda, que Vossa Majestade me diga se pretende fazer uma classificação dos resultados.
E continuo o espelho:
- Além disso, eu preciso que Vossa Majestade me defina com que bases devo fazer a avaliação. Devo considerar o peso, a altura, a cor dos olhos, o conjunto? Quem devo consultar para fazer essa análise? Por exemplo: se utilizar parâmetros nacionais, poderei ter outra resposta. Entre a turma da copa ou mesmo entre os anões, a branca de Neve ganha estourado. Mas, se perguntar aos seus conselheiros, acho que minha rainha terá o primeiro lugar. Depois, ainda tem o seguinte - continuou o espelho: - Como vou fazer essa avaliação? Devo utilizar análises continuadas? Posso utilizar alguma prova para verificar o grau dessa beleza? Utilizo a observação?
Finalmente, concluiu o espelho: - Será que estou sendo justo? tanto são os pontos a considerar..." 

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Fichamento do Texto: Ser Professora: Avaliar e Ser Avaliada

SER PROFESSORA: AVALIAR E SER AVALIADA¹

Maria Tereza Esteban

“Avaliar, como tarefa docente, mobiliza corações e mentes, afeto e razão, desejos e possibilidades. É uma tarefa que dá identidade à professora, normatiza sua ação, define etapas e procedimentos escolares, media relações, determina continuidades e rupturas, orienta a prática pedagógica.” (ESTEBAN, p.14).

Segundo ESTEBAN a avaliação envolve muito mais que uma simples tarefa docente, é uma mistura de vários fatores que são necessários para que se possa avaliar algo, mostrando que cada indivíduo possui a sua maneira única de avaliar, através de vários procedimentos e regras.

“A avaliação classificatória configura-se com as ideias de mérito, julgamento, punição e recompensa, exigindo o distanciamento entre os sujeitos que se entrelaçam nas práticas cotidianas.” (ESTEBAN, p.15).

ESTEBAN afirma que a avaliação classificatória funciona através de ações do professor e espera que o aluno reaja da maneira que o professor espera, em contrapartida isso causa um distanciamento entre professor e aluno através de todo o processo educacional.

“Como tarefa a ser cumprida para prever e manipular, a avaliação quantitativa expressa, no âmbito escolar, a epistemologia positivista que conduz uma metodologia em que a manipulação dos dados tem prioridade sobre a compreensão do processo.” (ESTEBAN, p.16).

Segundo a autora a avaliação quantitativa busca fragmentar o conhecimento nas disciplinas, nos alunos e alunas para que o processo de observação se torne mais eficiente, estes tipos de observação podem ser quantificadas, medidas, comparadas e classificadas para receber um valor individual que indica uma posição do estudante na hierarquia da sala de aula. Os instrumentos e procedimentos usados para que isso seja possível são: provas, testes, exercícios, fichas e boletins.

“A avaliação remete a uma ação da professora sobre os alunos e alunas, muitas vezes vista como uma relação de poder.” (ESTEBAN, p.20).

ESTEBAN conta que a partir desse ponto da avaliação, os resultados que os alunos obtêm são atribuídos diretamente aos valores da professora. Então essa avaliação verifica o rendimento da professora, o resultado de sua turma indica diretamente o desempenho, podendo ser medido e classificado. Nesse contexto avaliar significa também ser avaliado.

“No cotidiano escolar, avaliando e sendo avaliada, a professora vai aprendendo duas lições contraditórias: é preciso classificar para ensinar; e classificar não ajuda a ensinar melhor, tampouco a aprender mais – classificar produz exclusão e para ensinar é indispensável incluir.” (ESTEBAN, p.23).

Segundo ESTEBAN nos relata, existe uma contradição quando ela utiliza a avaliação classificatória, ambos os lados possuem pontos positivos e negativos, mas que funcionam em conjunto, então a professora precisa usar os conhecimentos e experiências adquiridas ao longo do tempo, para que ela consiga avaliar e ensinar bem através desse método de avaliação.

“Entendo que a avaliação qualitativa configura-se como um modelo de transição por ter como centralidade a compreensão dos processos, dos sujeitos de aprendizagem, o que produz uma ruptura com a primazia do resultado característico do processo quantitativo.” (ESTEBAN, p.26).

A Autora afirma que a avaliação qualitativa se relaciona com o processo de conhecimento articulado, onde a ideia principal é compreender o mundo e não de dominar e de manipular ele. A avaliação qualitativa é considerada pelo autor como uma prática classificatória, onde as provas únicas com questões objetivas são substituídas por testes ou provas distribuídas ao longo de um período letivo, esse tipo de prática avaliativa tende a estimular a participação do aluno no processo de aprendizagem.

“Tenho pensado na avaliação como prática de investigação como possibilidade de distanciamento da avaliação classificatória.” (ESTEBAN, p.30).

ESTEBAN afirma que com a prática da investigação, a forma de avaliação se distância de uma avaliação classificatória, ela acredita que a partir do distanciamento da avaliação classificatória, os indivíduos possam dialogar mais, com as experiências cotidianas da escola.

“Para avaliar, é preciso produzir instrumentos e procedimentos que nos ajudem a dar voz e visibilidade ao que é silenciado e apagado. Com muito cuidado, porque a intenção não é melhor controlar e classificar, mas sim melhor compreender e interagir.” (ESTEBAN, p.32).

A Autora comenta que por muitas vezes a partir dos discursos e das práticas podem ser invisibilizados o que dá sentido as palavras como; atos, produções, processos, possibilidade e carência, mas não está ausente, apenas invisibilizados por este modelo de avaliação.

“A avaliação não pretende controlar e classificar o rendimento do aluno ou aluna, tampouco pode ser, direta ou indiretamente, usada para controlar e classificar o rendimento da professora.” (ESTEBAN, p.35).

No ponto de vista da Autora, a avaliação não pode funcionar como instrumento de controle e de classificação do aluno ou aluna, ele precisa ser um método que interage com ambos os alunos e professora, para que possa ser mais aproveitado o conhecimento passado para ambos. Também diz que o rendimento da professora não pode ser classificado por essa avaliação. A avaliação precisa promover uma reflexão que participe da experiência de ensinar com o de aprender, visando à ampliação permanente dos conhecimentos.

“A professora, ao avaliar, é avaliada, num processo coletivo, cooperativo, solidário, que busca a ampliação permanente da qualidade da escola, uma escola que tem como preocupação central o conhecimento como resultado das interações humanas e participante das buscas humanas por uma vida mais feliz para todos.” (ESTEBAN, p.36).


ESTEBAN conclui que todo ser avaliador é avaliado por aqueles que ele está avaliando, a partir desta avaliação, pensando no coletivo e cooperativismo entre os alunos e professora, criam-se vínculos que facilitam o processo de aprendizagem dos alunos e melhora muito a qualidade de ensino da escola, através das interações da professora com os alunos, as reflexões fazem com que a professora tenha uma melhor experiência sobre como ensinar e ao mesmo tempo aprender, sendo assim o conhecimento adquirido pelos alunos será muito mais proveitoso e permanente, ao mesmo tempo em que a professora cada vez mais terá essa experiência positiva sobre seu método avaliativo.

REFERÊNCIA
ESTEBAN, Maria Tereza. Escola, Currículo e Avaliação. 2. ed. – São Paulo: Cortez, 2005. – (Série cultura, memória e currículo; v. 5).